VILAR DE MOUROS SEMPRE

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

RIO COURA - que mal fizeste?!

Ribeiro do Poço Negro 1
É do conhecimento público que as minas de volfrâmio e tungsténio de Covas, exploradas durante várias dezenas de anos e encerradas em meados da década de 1980, deixaram marcas terríveis de poluição que afectaram gravemente, não só toda a riquíssima fauna piscícola do rio Coura como até, dizem-no os proprietários e trabalhadores do campo, a própria agricultura, uma vez que os terrenos vizinhos, sempre que havia chuva intensa, eram invadidos pelas águas das enxurradas carregadas de resíduos altamente tóxicos provenientes do que sobrara das minas e das montanhas artificiais entretanto criadas com os entulhos acumulados.
Ribeiro - 2
 Isto aconteceu durante a laboração e após o seu encerramento, uma vez que as obras de selagem e requalificação das áreas de exploração e de apoio às minas apenas foram executadas em 2007 e dadas por concluídas oficialmente já em 2008. Tratou-se de um projecto de investimento de 1,6 milhões de euros, pagos com verbas do FEDER (75%), do Estado ( 20%) e da Câmara de Vila Nova de Cerveira (5%), que envolveu não só a forragem das antigas zonas de exploração e suas escombreiras, como a demolição de alguns edifícios que davam apoio aos trabalhos, o arranjo de outros e a recuperação
Ribeiro - 3
  paisagística da zona. Foi um longo processo que se arrastou por mais de vinte anos (se considerarmos apenas o espaço de tempo que decorreu entre o encerramento e a selagem das minas), que contou com um forte empenho de autarcas, ambientalistas e da própria população, mas que teve um final feliz. De facto e durante estes últimos tempos, aquele espectáculo deprimente de vermos, sempre que havia chuvadas mais intensas, as águas do rio Coura da cor da ferrugem e peixes aos milhares a boiarem mortos, desapareceu. Os peixes continuaram a morrer, é certo, mas por outros motivos, que até agora ninguém foi capaz, ou esteve interessado 
Ribeiro . 4
em explicar, mas não em épocas de chuvadas, antes pelo contrário, em períodos de maior estiagem.

Todavia, no dia 13 de Maio último, percorrendo a estrada nacional 301, entre Vilar de Mouros e Covas, reparei, ao passar no ponto onde o ribeiro do Poço Negro, o tal que passa junto às antigas minas, conflui com o Coura (cerca de 700 metros a jusante da barragem de Covas), que ambos os leitos haviam readquirido uma estranha cor avermelhada que me deixou algo preocupado sobre a eficácia da selagem ainda há bem pouco concluída.

Rio Coura - junto ao ribeiro - 1
As fotografias que junto (clicar), sendo as quatro primeiras do ribeiro e as restantes do rio, são bem demonstrativas de que resíduos da antiga exploração mineira continuam a ser arrastados para as águas do Coura e, parece-me evidente, esse acumular de restos poluentes terá acontecido com as chuvadas de alguma intensidade ocorridas na última invernia.

Não me competindo a mim, naturalmente, avaliar da gravidade do facto e muito menos se se justifica ou não, no imediato, qualquer intervenção e de que tipo, julguei ser meu dever chamar a atenção para um sintoma que pode (espero que não) querer significar uma recaída de bem grave doença ainda mal curada de um rio e sua fauna
Coura junto ao ribeiro - 2
 que vêm sendo massacrados, sem piedade, desde há muitos anos a esta parte, com as mais variadas agressões e com o, pelo menos aparente, fechar de olhos das entidades responsáveis.

Já agora e a propósito diga-se também que o tal troço de 700 metros entre a dita barragem e o ribeiro está praticamente sem corrente de água a quase totalidade do ano uma vez que não se vislumbra, nas comportas, a passagem de qualquer caudal, por mínimo que seja.


Coura - junto ao ribeiro - 3




Troço (quase seco) a montante





Abaixo das comportas - água parada




Barragem de Covas



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