VILAR DE MOUROS SEMPRE

Blogue que visa a promoção e divulgação de Vilar de Mouros, sua cultura, seus interesses, necessidades, realizações e suas gentes, mas que poderá abordar também outros temas, de ordem local, regional ou mesmo nacional.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Presidenciais 2011 - Vilar de Mouros

O resultado final das eleições com vista à escolha do Presidente da República para o mandato 2011 / 2016 foram, a nível nacional, aquilo que já há muito se adivinhava: a recondução de Cavaco Silva nessas funções. Não houve, assim, qualquer surpresa, até porque todos os presidentes têm sido, depois do 25 de Abril, reeleitos à primeira volta para o segundo mandato (Ramalho Eanes e Cavaco Silva foram-no também para o primeiro, respectivamente em 1976 e em 2006). Não sendo eu comentador ou analista político, não pretendo, nem estou interessado, nem quero perder muito tempo a tecer grandes considerações que já foram, para todos os gostos, escalpelizadas pelos especialistas do costume. Há no entanto um aspecto, que também já era previsível, para o qual não posso deixar de chamar a atenção: o galopante aumento do número de abstenções, de votos em branco e nulos.

Basta ver que, tendo Cavaco Silva tido uma votação percentual superior à de 2006, passando de 50,59% para 52,94%, o seu número total de votos baixou mais de meio milhão! Quase apetece dizer que, a ser respeitada a vontade popular, quem devia ocupar o Palácio de Belém era a D. Abstenção já que, para além de ter tido muitos mais “votos” que o presidente reeleito, ficava muito mais barata ao país, numa época em que são exigidos tantos sacrifícios, sempre aos do costume. É que esta “senhora” bateu todos os recordes para eleições deste tipo (53,57%), sendo muito bem acompanhada pelos votos em branco (4,26%) e nulos (1,9%) que, esses sim, alcançaram níveis nunca antes igualados em nenhumas eleições em Portugal! Ora isto só pode revelar muito do desencanto, da descrença, da indiferença, até mesmo da revolta dos portugueses face à sua classe política, a todos os níveis. Não pode deixar de ter grande significado que mais de 190 mil eleitores se dessem ao trabalho de se deslocar à cabine de voto e tivessem, ao votar em branco, dito aos candidatos: muito obrigado mas não quero nenhum, estou farto de vocês todos! A estes teremos ainda de acrescentar, como me parece evidente, muitos dos 86 mil que também lá foram e preferiram inutilizar o boletim de voto a escolher alguém.

Será que os senhores políticos vão entender a mensagem ou vão continuar a viver num mundo imaginário, com as suas jogatanas de poder e de bastidores reveladoras, quantas vezes, de uma total falta de vergonha, de ética, de seriedade, de justiça e até de senso comum, beneficiando sempre os mesmos entre os quais se incluem, como não podia deixar de ser, eles próprios, os seus familiares, seguidores, bajuladores, amigos de “estimação” e acólitos? Esperemos que sim antes que seja demasiado tarde.

E em Vilar de Mouros? Penso que se pode dizer que os resultados acompanharam, no global, mas com algumas e interessantes nuances, a “onda nacional”. Vejamos:

- Num total de 769 eleitores votaram 408 sendo, portanto, a abstenção de 46,9%:

Votos expressos:

- Cavaco Silva…………..181……………44,4%

- Defensor Moura…..……32…….………7,8%

- Francisco Lopes…….…43……………..10,5%

- José Coelho..…..………19……………..4,7%

- Manuel Alegre…………71………….…17,4%

- Fernando Nobre…….…62…………..…15,2%

- Em branco…………….17………..……4,3%

- Nulos……….…….……6…………..….1,5%

Embora me pareça que os número falam por si e que cada um pode fazer as interpretações que quiser, julgo interessante destacar o seguinte:

1 – Em Vilar de Mouros a D. Abstenção, embora atingindo também um máximo histórico, não ganhou, tendo sido bem inferior à média nacional (46,9% para 53,57%);

2 – A vitória de Cavaco Silva, embora importante, ficou-se pelos 44,4% o que significa que, se este resultado tivesse acontecido a nível nacional, teria de haver uma segunda volta; de referir ainda que, no concelho de Caminha, só numa freguesia este candidato teve uma percentagem inferior, em Âncora, com 44,2%;

3 – Mesmo sem se contabilizarem os 19 votos de José Coelho, os restantes opositores ao candidato apoiado pela direita e que, parece-me evidente, se situam todos à sua esquerda, somam 208 votos, o que dá mais 27 votos do que os seus 181;

4 – O candidato apoiado pelo PS, BE e MRPP, Manuel Alegre, teve uma muito baixa votação, menor que em 2006 quando, sem qualquer apoio partidário, obteve 82 votos, mais 11 do que agora; é certo que a percentagem subiu (de 15,8% para 17,4%) mas isso tem muito a ver com o grande aumento da abstenção;

5 - A votação no candidato do PCP e dos Verdes, Francisco Lopes, (43 votos e 10,5%), sendo embora muito inferior à obtida por Jerónimo de Sousa em 2006 (104 votos e 20%) e mesmo à de António Abreu em 2001 (57 votos e 13%) tem de ser vista como muito positiva se atentarmos nos seguintes factores:

- tratar-se de um candidato quase desconhecido antes destas eleições;

- a CDU ter estado na Junta, nesses dois actos eleitorais anteriores, com uma excelente dinâmica de trabalho e consequente boa imagem pública, arrastando por simpatia muitos votos para os seus candidatos da altura; hoje a autarquia é dominada pelo PSD;

- ter, apesar de tudo, conseguido nesta freguesia uma votação percentual bem superior à que obteve a nível nacional (7,14%) e ser, de longe, a maior a nível concelhio, sendo as mais próximas a de Vilarelho (6,4%) e Azevedo (6%);

6 - Fernando Nobre foi uma surpresa (???) agradável (62 votos, 15,2%, ficando a escassos 9 votos de Manuel Alegre) que beneficiou, quanto a mim, de não estar conotado com qualquer partido político, apresentando-se ao eleitorado como um homem totalmente livre, com formação médica e uma vida inteira dedicada a causas de ordem humanitária, tendo inclusivamente sido fundador e presidente da AMI – Fundação Assistência Médica Internacional;

7 - Não será suspresa a razoável votação em Defensor Moura, dado tratar-se de um vianense que presidiu à Câmara Municipal da sede de distrito vários anos, tendo criado uma imagem de político sério, dinâmico, competente e perseverante;

8 – Interessante também e bastante reveladora do estado a que isto chegou foi a votação no candidato madeirense José Coelho, que mais não fez do que brincar e gozar com as eleições, com tudo e com todos. Ao menos teve a sua piada.

Mais alguns dados curiosos comparativamente a outras eleições presidenciais anteriores realizadas nesta freguesia:

- Em 2006 a abstenção (31%) foi bastante inferior à actual (46,9%), embora já não tanto à de 2001 (37,8%);

- Cavaco, embora tendo agora uma percentagem (44,4%) muito superior à de 2006 (28%) teve MENOS 29 votos que então;

- Os votos brancos e nulos dispararam de 2006 para 2011; os primeiros passando de 1 para 17 e os segundos de 3 para 6.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Lírica Vilarmourense – livro de João Violante

João Sebastião Gonçalves, o “nosso” bem conhecido João Violante, foi rabiscando, ao longo das últimas três décadas, em folhas soltas, ao sabor da inspiração do momento, quase em segredo, sem dizer nada a ninguém, um vasto conjunto de textos, muitos dos quais poesias mas também algumas prosas. Dessa forma ia expressando o seu estado de alma, as suas alegrias, tristezas, amores e desamores, as suas memórias, êxitos e frustrações, quantas vezes a sua impotência e revolta perante injustiças que sempre combateu e, muito em especial, o carinho que sempre devotou à sua terra em geral e à Levada e Rio Coura em particular.

A ideia de editar um livro a partir desses textos surgiu apenas há cerca de um ano quando, em conversa comigo e com outros familiares e amigos, achou isso interessante, não com qualquer objectivo comercial, até porque o livro não se encontra à venda, mas como forma de deixar em legado, aos seus familiares, amigos, companheiros e camaradas, algo de si, dos seus sentimentos, vivências e recordações.


Pelos laços familiares que nos unem (meu tio pelo lado materno) e, sobretudo, pela profunda amizade cimentada em muitos anos de acção, lutas e cumplicidades em termos de intervenção cívica, política e associativa na freguesia, disponibilizei-me de imediato e com todo o gosto para colaborar com o autor na organização do livro. Contei também, para tal, com a importante ajuda de dois bons amigos com larga experiência neste domínio: a de Paulo Bento na definição do formato e arranjo da obra e a de Carlos da Torre na concepção gráfica da sua capa. Embora já o tenha feito pessoalmente e no prefácio do livro aqui deixo, uma vez mais e por ser de toda a justiça, o meu obrigado a ambos.
A obra já se encontra pronta há cerca de um mês, desde as vésperas do Natal, de forma a que pudesse ser, como foi, oferecida pelo autor a alguns dos seus amigos nessa quadra festiva. O facto de a presente mensagem só ser publicada agora, dia 20 de Janeiro, não é por acaso: é que o meu tio João Violante completa precisamente hoje 84 anos de vida! É assim, desta maneira algo diferente do habitual que eu, publicamente, lhe envio um grande abraço, lhe dou os parabéns pelo seu aniversário, pelo lindo livro que escreveu e lhe desejo muita saúde por longos e bons anos.

As fotos que publico são as mesmas que aparecem no livro, incluindo a capa. Cito pequenos extractos , quer do prefácio, por mim escrito, quer das poesias de João Violante.

                            Prefácio

“…nascido a 20 de Janeiro de 1927, viveu a quase totalidade da sua vida nesta freguesia de Vilar de Mouros…cedo começou a trabalhar na construção civil, tendo dado os primeiros passos na difícil arte de estucador ainda em Caminha e, aos dezoito anos, partido para Lisboa, onde prosseguiu essa aprendizagem e a continuação dos estudos, por mais quatro anos, na escola António Arroio. Com os conhecimentos adquiridos nesta escola e possuindo uma apetência e habilidade naturais tanto para o desenho como para a moldagem (há baixos-relevos seus no bar das Azenhas, em sua casa, na parede exterior da Junta de Freguesia e do Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense, tendo a foto de um deles sido aproveitada para a concepção da capa deste livro), poderia ter tido uma carreira de sucesso nessa área não fossem os sérios problemas de saúde que estiveram na origem do seu prematuro regresso à terra natal, aos vinte e cinco anos.                            

Enveredou então pela cerâmica, tendo trabalhado para António Pedro, em Moledo, na mesma oficina onde esteve o meu pai, Victor Barrocas e mais tarde na fábrica de louça da Meadela. Também esta actividade foi de pouca dura. Abandonou-a, por conselho médico, em 1960, tendo-se virado para o pequeno comércio, por conta própria, profissão que exerceu até se reformar. Estes e outros aspectos da sua vida encontram-se bem documentados, com muitos e interessantes pormenores, em “Cadernos do Património Vilarmourense II”, - Dos caiadores aos estucadores e maquetistas vilarmourenses - do GEPPAV (pág. 71 a 75).

Homem de convicções, dinâmico, corajoso, de grande firmeza de carácter, muito sensível às desigualdades e injustiças sociais, foi com enorme entusiasmo que assistiu à queda do regime fascista em 1974, tornando-se um fervoroso apoiante, desde a primeira hora, do Partido Comunista Português…desempenhou um papel muito interventivo na vida cívica, associativa e política vilarmourense, também antes mas sobretudo depois do 25 de Abril, tendo exercido, de entre outras, importantes funções na Comissão de Moradores, na direcção do C.I.R.V., na Cooperativa Agrícola Vilarmourense e no Conselho Directivo de Baldios. Em termos estritamente políticos integrou a Assembleia de Freguesia em dois mandatos, tendo sido, em ambos, meu companheiro de bancada e foi tesoureiro da Junta de 1989 a 1993…”

               Excertos das suas Poesias



                         Liberdade

                         Gostaria de contar
                         O que a minha vida foi
                         E em crónica narrar,
                         O que é belo e o que me dói;

                         Mantive, desde criança,
                         Sempre no pensamento,
                         Com muita força e esperança
                         A todo e qualquer momento,

                         O sonho de um dia vir
                         Ter direito a falar
                         Sem medo de alguém ouvir…
                         E correr a denunciar!

                         Levou tempo mas chegou
                         Para alegria de um povo,
                         A bomba que rebentou
                         Com um podre Estado Novo!

                         Festejos, mais do que mil,
                         No campo e na cidade,
                         A vinte e cinco de Abril…
                         Dia da Liberdade!


                         O Chico da canoa

                         Está a ficar velho e cansado,
                         Camarada com centelha…
                         Seu hotel assinalado
                         Com a bandeira vermelha!

                          É o Chico da Canoa,
                          Com seu olhar vigilante,
                          Que nos espera em Lisboa
                          Na chegada p’ró Avante!

                      Nas cores, ninguém se iluda…
                          Ela está colocada
                          No Caramão da Ajuda,
                          Na casa do camarada.

                          Essa bandeira vermelha
                          Pendurada no frontal
                          Pela cor se assemelha
                         À Bandeira Nacional!

                          P’ró ano, camarada Chico,
                          Cá outra vez estaremos,
                          Pois eu calado não fico…
                          Sempre juntos venceremos.

                          Quando formos a primeira
                          Força a nível nacional,
                          Estará a nossa bandeira
                          Juntinho à de Portugal!

                          A aldeia mais linda

                          A minha terra é linda,
                          Mesmo sendo maltratada;
                          Tanta maldade não finda
                          Esta beleza abençoada!

                          Como ela não há igual
                          Desde o Sul até ao Minho;
                          Rainha de Portugal
                          Mora aqui, neste cantinho…

                          A causa disso é o rio,
                          Suas margens e encostas,
                          Que põem ao desafio
                          Do mundo, o que mais gostas!

                          Um ar puro, natural,
                          Dá vida a quem te atravessa
                          Desde o largo do Casal
                          Ao areínho da Condessa.

                          Linda, formosa, nasceste,
                          Mais do que as folhas de lis;
                          Foi por isso que fizeste
                          A nossa gente feliz!

                          Cantinho belo

                          Todo o povo aqui bem diz
                          Deste cantinho tão belo;
                          Como me sinto feliz
                          Ao ouvir gente dizê-lo!

                          Não é pelo seu tamanho,
                          É pela sua candura…
                          Também pelo seu bom banho
                          E pela sua frescura!

                          Quem cá vem jamais se perde,
                          É tudo bom na levada:
                          É bela a paisagem verde,
                          Lindo o verde da ramada!

                         A clareira que um dia
                         Se abriu entre a folhagem,
                         Ninguém acreditaria
                         Quão bela era essa paisagem;

                         Paisagem em que a beleza
                         É sempre admirável…
                         Só quem vê tem a certeza
                         Que nada há comparável!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Assembleia de Freguesia "atípica"

Teve lugar no dia 22 de Dezembro, pelas 21H00, a Assembleia de Freguesia cujo principal ponto da ordem de trabalhos era a apreciação e votação do Orçamento e o Plano de Actividades para 2011 (ou devia ser).

Foi uma assembleia algo “atípica” dominada por questões menores, picardias, casmurrices, perdas de tempo com tudo e mais alguma coisa, não sei se inocente ou intencionalmente.

Começou logo, como vem sendo habitual, com o Sr. Presidente da Assembleia a ler, na íntegra, o edital da convocatória. Pergunto: para quê se é um documento publicado há vários dias e todos os delegados o receberam antecipadamente? Mas isso foi o de menos.

No ponto “antes da ordem do dia” foram postas à Sra Presidente da Junta, pelos delegados eleitos, as seguintes questões:

- João Arieira (CDU)

- FESTIVAL - em que ponto se encontra o processo relativo ao Festival de Música, qual o papel da junta e qual o significado das palavras da Sra Presidente da Câmara quando afirmou, na última Assembleia Municipal, que o Festival era um negócio;

- PEIXES MORTOS - se já se sabe o resultado da análise aos peixes que apareceram mortos no último Verão, dado não ter havido mais nenhuma informação sobre o assunto;

- Sónia Torres (PS)

- SINALÉTICA - quando vai ser implementada a sinalética que já foi objecto de discussão e aprovação duas assembleias atrás;

- SEGURANÇA NA ESCOLA - se já foi feito algo até ao momento, o que se pensa fazer em termos de segurança para as crianças da EB1 e se há avanços na questão do alargamento da Estrada de Marinhas com vista à construção de um passeio entre a escola e o C.R.I.V.;

Amélia Guerreiro (CDU)

- EN 301/ESTRADA DA CAVADA - tendo protestado, e bem, na última Assembleia Municipal, quanto ao mau estado da EN 301, entre Vilar de Mouros e Caminha, por que razão não fez o mesmo em relação às obras da Estrada da Cavada, que ainda nem concluídas estão e já apresentam graves deficiências de construção;

- COBRANÇA DE TAXAS - qual a razão pela qual não estão a ser taxados todos os atestados passados, no valor de € 2,5 conforme Regulamento de Taxas aprovado, já que foi informada de que apenas é cobrado um atestado por ano a cada cidadão;

- SENHAS DE PRESENÇA - para quando o pagamento das senhas de presença a que os eleitos têm direito por participarem nas assembleias, uma vez que se passou mais de um ano e nada foi pago;

- CAMINHOS VICINAIS – alertou para a necessidade de também ser feita limpeza nos caminhos vicinais e não apenas nos de maior visibilidade;

- PROTECÇÃO DE CARVALHOS NOVOS – chamou a atenção para a importância de se protegerem dezenas ou centenas de carvalhos ainda muito novos, na Chousa, e que se encontram abafados por vegetação selvagem.

João Barreiros (eleito na lista do PS)

BALDIOS - leu um texto referindo a realização de uma assembleia de compartes dos baldios da freguesia, no dia 28 de Novembro, por iniciativa da Junta, onde foram eleitos os novos corpos gerentes. Informou que não estiveram presentes os membros da assembleia cessante, eleitos em Março de 1995 e que, disse, estiveram em exercício de funções até 28 de Novembro de 2010: João Domingos de Castro Freitas, Maria Amélia Gonçalves Guerreiro, José dos Santos Pereira e Vitor António Gonçalves Barrocas. Também não esteve nenhum representante da Junta na qual foram delegadas, nessa tal assembleia, competências para a administração dos baldios: Carlos Alberto da Cunha Alves, Basílio Alexandre Gonçalves Barrocas e Horácio José Morada dos Santos (muito revelador, digo eu, a citação completa de todos estes nomes…). Por tal motivo, acrescentou o sr. secretário, foi obrigado a “pesquisar” tudo o que consta nas actas das assembleias de compartes, onde não é feita qualquer referência à contabilidade dos baldios, aos direitos e deveres dos poderes delegados bem como aos nomes das pessoas com competências delegadas para efectuar operações financeiras e movimentos de contas bancárias. Disse ainda que em acta de Junho (ou Julho, não percebi bem) de 1995 a Assembleia de Compartes votou favoravelmente uma proposta da Junta para alienar 19 parcelas a 19 pessoas, destinadas a construção social, onde acabaram (segundo ele) por ser construídas moradias.

Informou também que a Junta constituída pelos mesmos elementos que já referi mas cujos nomes o sr. secretário da mesa fez questão de voltar a dizer, se apropriou de 9 parcelas de terrenos baldios, por uso capião, que depois vendeu a particulares: 2 em 1995, 2 em 1997, 3 em 1998, uma em 1999 e outra em 2001.

Fez alusão também ao recebimento de verbas, pela Junta, de exploração florestal, da venda de madeira, dos parques de estacionamento em terrenos baldios para estacionamento durante os festivais e da expropriação de terrenos para a passagem da A28.

A concluir fez uma série de perguntas à Sra Presidente da Junta, tais como: se é possível saber que parcelas de baldios foram vendidas para além das 19 já mencionadas; se tem conhecimento da totalidade da receita proveniente das expropriações, de quanto foi recebido e de quanto falta receber; se vai apresentar na próxima reunião da Assembleia de Compartes toda a documentação que comprove o saldo existente, com discriminação das receitas e justificação das despesas feitas pelos anteriores executivos; se foi analisada a validade de um documento sobre a transferência de um terreno público para um privado, situado no Caminho dos Vaus, à beira do edifício da Junta.

Não sei qual o cargo que o sr. secretário da assembleia ocupa nos recém constituídos corpos gerentes dos compartes dos baldios de Vilar de Mouros, nem quem são as restantes pessoas que os integram, porque nem ele o disse nem o vi divulgado em qualquer documento público, como me parece normal que tivesse sido feito, mas sei que levou cerca de oito minutos a ler o texto em causa e, pelo teor do mesmo, está-se mesmo a ver que a intenção é muito mais de criar problemas do que resolvê-los. Vamos aguardar para ver mas cheira-me a gato escondido com o rabo de fora. Destes “socialistas” já nada me surpreende… e a vida está difícil.

A Sra Presidente da Junta prestou os seguintes esclarecimentos às questões colocadas:

FESTIVAL DE MÚSICA - informou que algumas empresas manifestaram interesse em organizá-lo, tendo sido feitas várias reuniões em que estiveram representadas Câmara e Junta, foram recebidas propostas, apresentadas algumas sugestões de alteração mas, até à data, não há nada de concreto nem nada definido; sabe que a Câmara tem uma verba disponível, de 100 mil euros, para o Festival e outra para obras no palco do Casal no valor de 50 mil euros; quanto à afirmação da Sra Presidente da Câmara proferida na última Ass. Municipal, qualificando o Festival como um negócio, acha que tal se deveu ao facto de as empresas, pelo menos até agora, terem apresentado propostas que não falam em valores e parece estarem à espera que seja o município a assumir, pelo menos em grande parte, os custos do festival, com o que a Câmara não pode concordar; pensa que no final de Janeiro deverá ter dados suficientes que permitam decidir se vai haver ou não festival em 2011; nas negociações com as empresas tem havido o cuidado de respeitar as cláusulas constantes do protocolo celebrado em 2009 entre Câmara, Junta e organização.

ANÁLISES AOS PEIXES - não chegaram a ser feitas, porque, segundo informações que lhe chegaram, parece ter havido falhas na recolha das amostras ou no transporte para o laboratório;

CAIXA MULTIBANCO - quando foi retirada a caixa informaram-na de que a mesma voltaria logo que reparada. Está consciente da sua importância e fará os possíveis para que ela volte mas nada pode garantir, nem quanto a prazos nem quanto à sua reinstalação.

SINALÉTICA - está a ser elaborada pela Câmara uma nova proposta de alteração muito mais ampla do que aquela que já foi apresentada e discutida anteriormente, envolvendo várias artérias da localidade; quando estiver pronta será apresentada para aprovação em Junta e Assembleia de Freguesia e depois em Assembleia Municipal.

SEGURANÇA NA EB 1 - foi apresentada à Câmara a preocupação não só da Junta mas também das professoras e pais em relação à segurança das crianças; sabe que o município tem orçamentada uma verba de 30 mil euros para obras no Centro Escolar e espera que seja também para gastar em sinalética e segurança; quanto à construção do passeio entre a escola e o Centro decorrem negociações com os proprietários para cedência de terrenos;

EN 301 – o facto de ter falado em Ass. Municipal na EN 301 e não na Estrada da Cavada tem a ver com a importância de envolver várias freguesias na pressão junta da Estradas de Portugal; a Câmara está bem dentro dos problemas da Estrada da Cavada e as obras ainda não foram concluídas, razão pela qual não viu necessidade de abordar a questão;

TAXAS – há pessoas que precisam de mais que um atestado de vida por ano para enviar para o estrangeiro para recebimento das pensões e só nesses casos é que se cobra apenas a primeira vez;

CAMINHOS VICINAIS - reconheceu ter sido um ano difícil, mas afirmou que alguns caminhos vicinais também vêm sendo limpos conforme as possibilidades.

BALDIOS - respondendo às questões colocadas sobre os baldios disse que este executivo herdou o processo da Junta anterior mas preferiu entregar  a responsabilidade da sua gestão directamente aos compartes; não sabe se foram feitos concursos públicos para a alienação de baldios mas, pelo que conseguiu averiguar e pelas informações de pessoas que vieram à Junta para regularizar a situação dos terrenos, embora ignorando a forma como foi feita a venda, pensa que não houve concursos públicos mas sim tiradas sortes; quanto à lista de terrenos baldios a Junta possui uma onde constam o artigo, local e valor por que foi vendido; sobre as expropriações no âmbito da A 28 afirmou que teriam sido recebidos cerca de 43 ou 45 mil euros, em princípio 50% do total mas, pelo facto de terem surgido particulares a reivindicarem a posse de algumas parcelas, o processo encravou; sobre o alargamento do Caminho dos Vaus confirmou a existência de um protocolo entre as partes mas o sr secretário da mesa insistiu em saber se foi analisada a validade desse documento, se o mesmo foi aprovado pela Junta e pela Assembleia, se foi feito edital e concurso público, tendo ainda afirmado que se a Junta vai analisar o processo aguarda, caso contrário ele próprio, sendo autorizado, estudará o caso e dará o passo em frente uma vez que é para isso que é delegado da Junta de Freguesia (não percebi…).

Seguiu-se a leitura das actas das duas sessões anteriores, pelo sr secretário da mesa que, como é público rompeu, por seu livre   arbítrio, com uma prática instituída há quatro anos de enviar cópia das actas a aprovar juntamente com a restante documentação distribuída com antecedência por todos os delegados. Durante mais de quarenta minutos (é obra!...) as pessoas lá aguentaram a pastilha de ter de ouvir o senhor, já que eu ausentei-me da sala porque já não tenho idade nem pachorra para aturar as casmurrices de um qualquer secretário. Ainda reentrei no final da leitura, assisti a mais umas trocas de galhardetes entre o grande orador (leitor) da noite e a “oposição” mas eram quase onze da noite, estava cheio de frio, ainda não se tinha entrado no ponto principal da ordem de trabalhos e… fui para casa! O essencial, ou seja, a discussão e votação do Orçamento e Plano de Actividades, soube-o depois, durou cerca de 5 ou 10 minutos tendo, como é natural, sido aprovado. Claro, as pessoas já deviam estar a dormir!

Sinceramente, eu, que venho acompanhando há mais de trinta anos a coisa pública da freguesia, na Junta e na oposição e, em função disso, lidei com muitas dezenas de companheiros e adversários, sempre na busca de consensos e no respeito por todos, sem nunca ter tido necessidade de entrar em guerrilhas espúrias, sempre pensei ser inimaginável descer-se tão baixo, com tanta mesquinhez, tanto ódio mal disfarçado, tanta sacanice, que fazem com que se perca mais de uma hora a ler actas e a divulgar resultados de "pesquisas" resultantes de um vasculhar em baús com mais de 15 anos de existência onde, pretensamente, são encontrados erros "gravíssimos" que, pelos vistos, estiveram na origem deste grande crime: permitir que várias famílias com grandes dificuldades financeiras viessem a ter o direito, como vieram, a poder viver numa habitação com alguma dignidade, como é o caso das casas sociais da Aveleira. Se naquela época pessoas como o sr secretário estivessem à frente dos destinos da freguesia, parece não haver dúvidas: não havia nada para ninguém!  Já agora…por que razão as “pesquisas” terão parado em 1995? Para trás não há mais nada? Talvez não interesse, não é?


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Estrada da Cavada – nova cheia põe a nu mais deficiências

Na noite de 5 para 6 de Janeiro e durante este último dia choveu com bastante intensidade em toda esta região. Como resultado aconteceu nova cheia do Rio Coura e Vilar de Mouros voltou a ficar cortada ao meio dada a impossibilidade de transitar na Estrada da Ponte. Para agravar o problema aconteceu também o corte, durante uma boa parte do dia, da EN 301 na zona de Argela, impedindo a passagem para Caminha. Será bom recordar que o impedimento desta estrada em alturas de fortes chuvadas vem acontecendo com muito maior frequência desde que foi construída a A 28. Porquê?
Porque a auto-estrada, impedindo a passagem de uma enorme quantidade de pequenas linhas de água obrigou à formação de grandes enxurradas que, não tendo escoamento natural no seu percurso até ao rio, levam de assalto tudo quanto encontram pela frente e passam por onde não deviam passar, tal como, no caso concreto, por cima da EN 301.

Mas nem tudo é mau. Esta nova cheia teve uma virtude: pôs a nu mais uma deficiência de construção das ainda inacabadas obras de beneficiação da Estrada Municipal da Cavada, possibilitando que, se houver vontade para isso, venha ainda a ser corrigida. 
No sítio de Riadouro, onde o piso foi alteado precisamente para impedir o corte da estrada em épocas de chuvas fortes, aconteceu aquilo que muitos previam menos, pelos vistos, quem mandou executar a obra e elaborou o projecto: a água já cobriu a estrada, não impedindo ainda mas dificultando a passagem de veículos e, note-se, sendo embora uma enchente com alguma dimensão nem sequer foi nada de extraordinário, tendo havido outras bem maiores. As fotos que junto, de Riadouro e da Estrada da Ponte, são bem esclarecedoras.

Tal como eu escrevi em mensagem de 14 de Novembro - http://vilardemouros-sempre.blogspot.com/2010/11/estrada-da-cavada.html - neste mesmo blogue, esta importante via de comunicação parece ter feitiço…